segunda-feira, 10 de maio de 2010

Deixa?

Deixa eu te contar um pouco do que se passa por aqui.

Uma tremenda confusão de sentidos, uma loucura velada, sorrisos armados e respostas ensaiadas. Por aqui há muita encenação, sabe? Ah, lógico que sabe. Por pouco me esqueci que você é mestre nelas.

Enfim, por aqui há complicação. E nem é daquelas que vem de fora para dentro; ela vem de dentro. Como uma pessoa que não consegue escolher a cor do esmalte que vai usar pode ser responsável por tantas escolhas?

Não existe coisa que me agonie mais do que escolher. Sempre fica algo para trás. Sempre. É tipo um adeus que você tem que dar. Afinal, não se pode abraçar o mundo todo de uma vez. Escolhas são feitas; ou deveriam ser feitas.

Pois bem, sei de poucas coisas nessa vida de meu Deus. Nem sei, na verdade, se sei de algo. Mas, como 'eu não sei, eu sinto'... Ando sentindo muito (tanto no sentido positivo quanto no sentido negativo da expressão). Mas, sinto que a vida espera de mim escolhas. Não dá mais para ficar em cima do muro. Desse jeito é tão mais fácil cair.

Eu espero de mim escolhas. Não posso ficar adiando (ainda mais). Seja rosa, azul, laranja, vermelho, preto, branco... Preciso escolher uma cor. E entender que algumas outras ficarão para trás. Mas, deve estar aí a graça dessa comédia que vivemos.

Tudo isso só porque eu precisava/preciso te dizer o que se passa por aqui. Não que você tenha pedido, não que te interesse... Apenas precisava te dizer que começo a escolher.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O instante existe

Numa próxima encarnação, se houver, eu quero ser música.
Dessas que nos dominam a primeira 'ouvida', você me entende? Ser dessas músicas com letras consistentes e que não conseguimos parar de ouvir. Quero ser uma dessas músicas que são tão a gente que é incrível a gente não ter escrito. Quero ser melodia doce, suave, calma. Quero ser letra que marca, que aproxima, que acalenta. Quero dormir em aparelhos musicais, quero morar em violões talentosos, quero morar nas conversas entre amigos. Quero ser registro histórico, quero marcar vidas. Quero ser linguagem do verbo, do som e da alma.

Quero ser música.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Caetanear o que há de bom

"Mora na filosofia... Pra que rimar amor e dor?"


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ismália

Certa vez Ismália se envolveu com um rapaz que fazia suas borboletas dançarem e que parecia perfeitamente indicado. Indicado a qualquer coisa que se pretendesse começar.
Se entregou como já era de se esperar. Ela é esse tipo de gente que se entrega mesmo, sabe? Que vai... Mesmo sem saber no que vai dar.
E como a Ismália do poema... Ela se entregou a Lua.

E como ainda não ganhou sua bola de cristal... Ismália sofreu.
Muitos poderiam dizer que aquilo era óbvio; muitos diriam que Ismália não sabe fazer escolhas.
Muitos não sabem como ela se sente e como se sentiu.
E como a Ismália do poema... Ela se perdeu no seu sonho.

Dois de seus órgãos brigam numa eterna luta.
O cérebro quer dominar Ismália; mas, o coração consegue (inacreditavelmente) ser o controlador das ações da pobre garota.
Ismália se parte em duas. A que quer partir e esquecer; e a que insiste em ficar, esperar e querer.

Mas, existem coisas que não aceitam metade. Tipo metade de um beijo, metade de um abraço, metade de um carinho, metade de um alguém.
É bem isso: "Ou frio ou quente... Morno não serve!"
O que Ismália precisa é de uma fusão entre as duas partes perdidas de si. Perdidas porque nenhuma consegue ser eficaz sozinha.

E ela quer um fim diferente da Ismália do poema...

"As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."

Alphonsus de Guimaraens - Ismália

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eternamente Responsável

"E ele sentiu-se extremamente infeliz. Sua flor lhe havia contado que ela era a única de sua espécie em todo o universo. E eis que havia cinco mil, iguaizinhas, num só jardim!
[...]
Depois, refletiu ainda: 'Eu me julgava rico de uma flor sem igual, e é apenas uma rosa comum que eu possuo. Uma rosa e três vulcões que me dão pelo joelho, um dos quais extinto para sempre. Isso não faz de mim um príncipe muito grande...' E, deitado na relva, ele chorou.
E foi então que apareceu a raposa:
— Boa dia, disse a raposa.
— Bom dia, respondeu polidamente o principezinho. (...) Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
— Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
— Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
— Que quer dizer 'cativar'?
— É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa 'criar laços...' (...)
— Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou... (...)
— A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
— Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
— É preciso ser paciente, respondeu a raposa. (...)
Depois ela acrescentou:
— Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
— Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo. (...)
E voltou, então, à raposa:
— Adeus, disse ele...
— Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
— O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
— Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
— Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
— Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar."

Antoine de Saint Exupery - O Pequeno Príncipe

sexta-feira, 12 de março de 2010

Grãos

"O gato acha o rato muito interessante, a cobra acha o sapo muito interessante. Agradeço, você não se interessa mais por mim."

Suely Mesquita e Pedro Luís (o da Parede!!!)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

No ar que eu respiro

Dói como um tapa na cara. E um tapa na cara além de fazer doer fisicamente é humilhante. Estou em frangalhos internos e externos. E não sei como lidar com tudo que estou sentindo. Não quero ficar me fazendo de forte, fingindo que não está doendo.
Eu continuo sem conseguir entender algumas coisas; e olha que eu já me esforcei muito para tal. Bobinho nunca foi minha brincadeira preferida; apesar de eu me deixar ficar nessa brincadeira por muito tempo.
É uma estranha falta; uma saudade. Sim, de coisas que não eram tão reais assim. Mas que me fazem falta.
To com medo de dizer dessa vez. Medo de dizer que eu não quero mais, que eu vou ser forte, que eu preciso ser. Afinal, vendo o meu blog eu percebi quantas vezes eu disse que não faria mais, que eu tinha me cansado, que eu ia ser forte, que eu tinha que enfrentar tudo.
Então, eu só quero deixar registrado, pra mim mesma, que eu passei por isso MAIS UMA VEZ; e que “não se pode ter medo de perder uma coisa que nunca foi sua”. A promessa tem que ser feita pra mim, e só por mim pode ser cumprida.
Que bom que já se passaram alguns dias; a dor tende a diminuir. E há de ser mais fraco a cada dia.
"Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando." Clarice Lispector
* Texto que não é recente; estava guardado. Sendo remoído e sentido.